África
do Sul, 1990, depois de mais de 26 anos de prisão, o activista negro Nelson
Mandela é libertado. Quatro anos depois, em 1994, por entre muita polémica, com
o país dividido pelo espectro do apartheid e quase à beira da guerra civil,
Mandela é eleito presidente da república, tornando-se o primeiro presidente
negro eleito na Àfrica do Sul e tem que
resolver a profunda divisão que abala o país antes deste ser anfitrião do
campeonato do mundo de râguebi. Ele tem então uma ideia que quer pôr em
práctica custe o custar: promover a cooperação na áfrica do sul através do desporto.
O
filme é baseado no livro “Playing the
Enemy: Mandela and the Game that Made a Nation”, escrito por John Carlin, publicado em 2008. Pouco tempo
depois da publicação da obra, Clint Eastwood, com os seus produtores e Morgan Freeman,
reuniram-se com o jornalista para
discutirem a melhor maneira de a transformarem num argumento para adaptar ao
grande écran. Anthony Peckham escreveu o
argumento e como o elenco já havia sido escolhido, as filmagens tiveram início
em março de 2009 em Cape Town e durariam até maio e foi, nas palavras de
Laurence Mitchell, o presidente da Cape
Film, a produtora associada ao filme “a maior produção que alguma vez se fez na
África do Sul, em termos de estatura e de estrelas”.
Realizado
pelo veterano Clint Eastwood, autor de “As Bandeiras dos nossos Pais” e “Cartas
de Iwo Jiwa” (2006), diptíco sobre a sangrenta batalha de Iwo Jiwa; “Gran
Torino” (2009) obra-prima sobre o comportamento do ser humano, “A Troca” (2009)
baseado numa história verídica do desaparecimento duma criança, ocorrida em Los
Angeles na década de 20 do século passado, cuja investigação leva a uma
descoberta macabra; “Mystic River” (2003) sobre amizade num bairro dos
subúrbios de Bóston, ou “Imperdoável” (1992), obra-prima contemporânea em forma
de epilogo do western, género incontornável do cinema.
Admiração que também está presente no próprio
cartaz publicitário do filme. Nele,
Francois Pienaar está á frente da
imagem de Mandela que aparece de costas, mas proporcionalmente maior que o
jogador. O ambiente do cartaz mostra um grande líder político, protagonista
duma grande missão que conta com a colaboração e intervenção de um grande
líder desportivo para levar essa missão a bom porto. Em termos de
concepção, é dos cartazes com maior força simbólica que alguma vez me lembro de
ver.
Brilhantemente interpretado por Morgan Freeman sobre quem recai a responsabilidade toda do filme e, uma vez mais, o actor mostra estar á altura do desafio. Ligado ao projecto (como produtor e actor), desde que Clint Eastwood havia anunciado o seu interesse em fazer um filme sobre o activista, Freeman foi sempre a primeira escolha do realizador e fica provada uma vez mais a clarividência de Eastwood nas escolhas que faz. Morgan Freeman ficará para sempre ligado a este papel que é, sem dúvida nenhuma, o papel da sua vida (mesmo não tendo ganho o Óscar de melhor Actor para o qual foi nomeado). Ele é tão convincente na sua interpretação (para a qual levou mais de um ano a preparar-se e que incluíram várias reuniões com o próprio Mandela, que, diz-se, ter adorado a interpretação) que se fecharmos os olhos, ouvirmos um discurso de Mandela e depois ouvirmos Freeman a dizer o mesmo discurso, não conseguimos distinguir um do outro!
O
filme foi recebido positivamente, quer pela critica quer pelo público em geral.
No primeiro fim-de-semana subiu a número três
onde rendeu cerca de 8 milhões de dólares e acabou por render um total
de 37 milões, só nos estados unido, enquanto que no mundo inteiro as suas
receitas foram de 122 milhões de dólares, principalmente na África do Sul.
Mesmo
não sendo uma obra-prima, nem sequer o melhor filme de Clint Eastwood,
“Invictus”, o filme venceu vários prémios e foi nomeado para outros tantos. Será
sempre visto como um esforço para tentar contar a história de um período
conturbado de um país que esteve demasiado tempo dividido e da pessoa que
ajudou a acabar com essa divisão e, visto deste prisma, o filme é nitidamente
uma aposta ganha.
Nota: As imagens e vídeo que ilustram o texto foram retiradas da Internet
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